Vou contar uma coisa: reaprender a viver, sem a co-dependência não é tarefa das mais fáceis. Isso porque é algo muito profundo, uma coisa estritamente emocional que te pega de uma maneira inconsciente, pela emoção mesmo (pelo menos no meu caso). Então, vira e mexe eu me pego fazendo alguma coisa que não, não é mais pra fazer Andrea. Mulheres legais e equilibradas não fazem isso.
O fato é que as pessoas não agem, elas reagem. Ou seja, elas se comportam da maneira que você acena para que elas se comportem. Se alguém não está sendo legal com você, e essa pessoa não é um psicopata (no sentido médico da palavra) isso é reflexo direto do seu comportamento com ela. Eu explico.
Na co-dependência, colocamos o outro no centro da nossa vida. O amor, o ser a quem amamos (sabendo ou não o que diabos é isso) vira o miolo de tudo. Se ele diz “oi” seu dia é ótimo. Se ele não diz, por qualquer motivo (que via de regra não tem nada a ver com ele não gostar mais de você) seu dia vira um inferno. É uma cobrança interna pelo carinho e pela atenção do outro. Uma atenção demasiada e um carinho que não tem limites.
Por conta disso, é fácil sufocar o outro. Inventar conversas ou coisas para chamar a atenção, deter-se num tema que você nem tem interesse só porque a pessoa tem, enfim. Você vira um trapinho, sem identidade própria. Por mais forte que seja a sua personalidade, ela se esvai num emaranhado de outro. Um outro que não pediu e possivelmente não quer aquilo.
Aí vem um monte de gente me dizer que o cara (ou mulher) é psicopata, que ele nunca vai mudar porque ele é assim… não querida! A culpa é sua! Culpa no sentido de responsabilidade, veja bem. A pessoa se cansa de tanta cobrança. Por mais gostosa e interessante que você pareça num primeiro momento, você passa a impressão de desinteressante, desatraente. E aí o seu maior medo se concretiza: o abandono.
Não, ele não te abandonou porque ele tem mais 40 neguinha no pé dele ou porque a vizinha faz sexo melhor ou qualquer coisa assim. Ele te abandonou porque você fez isso com você (nem foi com ele). Chamo isso de profecia autorrealizável. Você tem tanto medo de ser abandonada que sufoca e, aí mesmo, que é abandonada.
No meu processo de cura eu deixei de fazer essas coisas, mas me pego repetindo alguns desses padrões de maneira diferentes. É como se a co-dependência encontrasse uma maneira de se manifestar, além da minha conscientização. E eu preciso ir cercando ela, até que tudo isso desapareça de vez. Não, eu nunca estarei “curada”. Vou precisar orar e vigiar, até que o comportamento se automatize, mas é um processo lento e que precisa de um auto apoio absurdo.
Pare agora e pensa naquela pessoa que você não aguenta, que faz coisas ruins com você (pode ser qualquer pessoa, não necessariamente um par amoroso) e pense, sendo muito honesta e sincera, no que você deixou passar? Existem sempre frestas, brechas que usamos para nos desrespeitar e fazer com que o outro nos desrespeite também. Se algo acontecer a você, por mais que você precise ir atrás dos seus direitos, também precisa avaliar qual a sua parcela de culpa. No meu caso, a parcela de culpa da co, como a chamo carinhosamente.