Impotência. Talvez o grande medo seja esse. Ando me contorcendo em casa, para cima e para baixo, tentando não ver tanta notícia ruim. Estamos no auge da coisa toda, por mais que fiquem postergando o tal do “pico”. As pessoas estão cansadas de ficar em casa. Tudo já foi arrumado, reorganizado, restabelecido. E achamos mesmo que era só arrumar muito para fazer enquanto um ser mágico solucionaria as coisas lá fora. Alguém precisa chamar um adulto pra resolver isso.
Mas os adultos somos nós. E não tem nenhum herói preparado para essa guerra. Existem soldados corajosos mortos em combate, mas nenhum herói. Ninguém virá de uma esfera superior com a cura mágica ou a vacina secreta que – pegadinha do Malandro – estava escondida em alguma caverna chinesa. Não tem fadas para mudar o seu vestido a meia noite e nem gnomos para te mostrar onde não colocar a mão. Tem só você. E toda a sua imaginação.
Estou vendo as pessoas fugirem do assunto. Não querendo olhar para a fria e triste realidade. Fingindo que não precisam de máscaras ou de álcool gel. Continuando a viver suas vidas e reclamarem que a lavanderia ainda está fechada e vai acabar estragando a sua colcha que foi manchada pelo cachorro. Onipotência que só as crianças tem o direito de sentir.
Ninguém vai salvar o Brasil ou a economia. Aceita que dói menos. Mas também não precisa acreditar em cada fake news que aparece para disseminar o medo, o pânico e o ódio. Tem um monte de gente rindo disso, achando tudo muito engraçado. Existem psicopatas – famílias inteiras – rindo das pessoas que usam máscaras nas ruas. Achando que sua “inteligência” é superior ao perigo. São os que sempre morrem antes nos filmes – os que não pensam, agem por impulso. Os que acham que são mais fortes do que isso.
Não existe. Todos somos fortes, e somos fracos. Temos fraquezas, pontos a melhorar e defeitos. Temos um corpo que tratamos como tratamos a nós mesmos: com amor e respeito, fazendo exames anuais para prevenir câncer de mama ou fazendo como uma tia que fumava dois maços e cigarro por dia. Certa feita a minha mãe falou “Para de fumar, isso dá câncer”. Ela riu, falou que o câncer não pegaria ela, que ela era forte. Morreu, pouco tempo depois, sem conseguir respirar dentro do carro da minha mãe.
Não somos impotentes tampouco. Temos escolhas e temos um futuro. Mas esse futuro vai depender muito do que você fizer e construir agora. Se tiver a consciência do que precisa ser mudado na sua vida, de quais serão as suas prioridades daqui pra frente. Podemos mudar hábitos, comportamentos. Podemos aprender a meditar e entender que não precisamos de tanto dinheiro assim para ser feliz – mesmo que um dia você o ganhe. Podemos ser felizes assistindo a live da Ivete Sangalo ou só contemplando mais um por do sol, não interessa, faça alguma coisa. Não uma coisa externa, mas algo interno. Saiba que existem mudanças para serem feitas o tempo todo e que sim, a imensa maioria das pessoas do mundo, por mais pessoas que morrerão, tem um futuro pela frente – em termos estatísticos 95% da população vai sobreviver.
Então pense no seu futuro. Pense em quem você quer ser, quem quer se tornar. Faça por você faça pelo próximo. Arruma a casa “planeta terra” para o nosso futuro. Fique quieto, pare de julgar os outros caramba. E entenda que as coisas são como elas são. Não repasse notícias que você não sabe de onde saíram – nem se foi a sua própria mãe quem te contou. Analise, entenda, pensa caramba! Pensar é de graça e não precisa pegar fila para conseguir.