Bom, só de ler o texto anterior, para terminar de fazer esse, já vejo o quanto eu mudei. O quanto aquele texto, fazendo as pazes com a comida, foi realmente real. Hoje eu posso comprovar isso.
Estava voltando para casa hoje, triste. Algumas coisas ruins aconteceram – depois eu conto – e eu estou assim, cabisbaixa desde então. Em outros tempo, meu alívio seria passar numa padaria e comprar a maior quantidades de doces que pudesse. Compraria um ou dois sonhos – de doce de leite e de creme. Pão francês para comer com manteiga e mais o que encontrasse de diferente. Viria para casa, sentaria na frente da TV e devoraria tudo em menos de uma hora. Assim, sem sentir muito o sabor. Só por comer mesmo.
Hoje quando pensei nisso não senti nada. Não senti aquela empolgação de “isso pode me ajudar”. É como se a relação que eu tinha com a comida estivesse diferente. Eu estou com paz com ela e ela comigo. Eu gosto e, se quisesse mesmo, poderia até comer essas coisas. Mas hoje, mesmo que eu comprasse, ainda comeria uma coisa de cada vez, aproveitando o sabor de verdade.
Eu nunca fiquei triste e parei de comer por isso, muito pelo contrário. Sempre comi muito nos momentos de tristeza. Hoje, na hora do almoço, me peguei empurrando um único temaki médio de salmão para dentro, com aquela sensação de “tomara que consiga comer tudo”. Algo que é muito estranho, mas muito bom.

Não, eu ainda amo comer. Mas amo comer bem, coisas frescas e que eu cozinhe. Ter feito as pazes com o ato de cozinhar também me ajudou. Desde de que comecei com isso, há mais ou menos um mês, a minha vida e a minha rotina mudaram. Estou mais calma, mais tranquila. Eu como em paz, coisas gostosas e saudáveis, mesmo que eu use manteiga e cremes na composição dos pratos. Diminui os carboidratos drasticamente, mas ainda como. Escolho, de verdade, pelo sabor e pela qualidade do alimento. É algo completamente novo para mim, mas que está me deixando muito feliz.
Nada mal para uma compulsiva – por comida e por dietas. Nada mal para alguém que aprendeu, em algum momento da vida, que a comida era uma inimiga que precisava ser mantida sobre controle. Nada mal para a antiga eu, co-dependente de amor e de comida. Um momento em que me sinto realmente em paz com a comida!